sexta-feira, 21 de março de 2014

"Para Atravessar Contigo o Deserto do Mundo" - Dia Mundial da Poesia

Neste Dia Mundial da Poesia calo as minhas palavras e faço homenagem a uma Poetisa de quem gosto partilhando um poema dos seus poemas que me tocam de forma especial.

Para Atravessar  Contigo o Deserto do Mundo

Para Atravessar Contigo o Deserto do Mundo


Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

Sophia de Mello Breyner Andresen, in “Livro Sexto”


Feliz Dia Mundial da Poesia a todos os poetas!

domingo, 9 de março de 2014

Dia Internacional da Mulher

Dia Internacional da Mulher
Não dou de todo importância a estes dias internacionais de qualquer coisa e já mencionei esta minha opinião aqui. Para mim, não fosse a máquina comercial instalada não existiria diferença nenhuma a não ser no Natal e no Ano Novo, isto para os católicos porque para as outras religiões seria algo equivalente como é óbvio. Talvez ceda ao Dia da Mãe e Dia do Pai, para os meninos na escola poderem continuar a fazer aquelas prendinhas de bricolagem para oferecer aos papás e mamãs.

Sei que pouco importa a minha opinião até porque deve corresponder a mais um pequeníssimo nicho, e sobre o mesmo muitas me chamariam de desmancha-prazeres ou “estragadora de festas”.

Em relação ao Dia Internacional da Mulher, alguém sabe a sua origem? Alguém se deu ao trabalho de averiguar (?) ou é mais giro e romântico ficar com a ideia pré-concebida de que, ah e tal o dia da mulher é porque somos todas muito queridas e muito fofinhas, e depois engravidamos e damos à luz e somos mães, e somos muito trabalhadoras, conseguimos fazer muitas coisas ao mesmo tempo, e sofremos imenso porque usamos saltos altos e partimos uma unha e não temos nada de jeito que vestir e achamos que estamos sempre gordas e, e, e… e muitos mais e… mas o mais derradeiro é que somos mesmo as maiores e depois somos exploradas pelos homens que são uns malandros mas andamos sempre atrás deles na mesma. Por isto tudo e por nada este dia que tem apenas a ver com direitos e conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres, muitas aproveitam este dia para tentarem imitar os tais homens que elas tanto criticam, festejando de forma absolutamente ridícula, algumas bebendo até cair, ou fazendo figuras patéticas a ver desfiles de strip.

Este Dia Internacional da Mulher nada mais é que o modo feminino do Dia do Trabalhador e nasceu a partir de manifestações de mulheres na Rússia em 1917, que tinham a ver com exigência de melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial.

A ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.

Em 1975, foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e, em Dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adoptado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres.
 
Dia Internacional da Mulher

Portanto a origem deste este dia, nada tem a ver com o tom romanceado, comercial e cheio de pretextos que lhe dão ou tentam atribuir.

É evidente que a mulher continua a sofrer de descriminação em termos laborais e não é com um dia como o Dia Internacional da Mulher que isso vai ser alterado; medidas concretas para anular por completo as diferenças salariais e de igual oportunidade, por mérito,  para ambos os géneros seria a verdadeira conquista, mas essa, estará ainda por chegar sabe-se lá quando, é de todo, algo que considero importante apesar de não ser feminista, e  gostaria de um dia poder ter o prazer de celebrar.

Não gosto nem de longe nem de perto, quando algo é iniciado por uma razão e depois degenera para algo completamente diferente porque é demagogicamente agradável aos ouvidos e aos olhares de uma sociedade, que se deslumbra por ilusões e cede facilmente a campanhas comerciais que se repetem por “seculum seculorum”.

Creio com convicção que as mulheres e os homens têm o seu valor que têm na sociedade e nas famílias; cada um igual a outro que é genericamente diferente, e por tudo isto o dia da mulher é todos os dias, (passe o pleonasmo) assim como o dia dos homens! Todos os dias temos o direito, a obrigação e dever de conquistarmos algo mais, darmos um passo mais além, de não nos acomodarmos e enterrarmos nos sofás da vida sem nada fazermos para sermos melhores, mais transparentes, responsáveis, lutadores, amigos e  de alguma forma fazermos a diferença sendo autênticos e derradeiramente felizes com o que o universo nos retribui a cada dia.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Previsões, Sondagens, Estatísticas e Estudos


Previsões, Sondagens, Estatísticas e Estudos
A troco de quê? Para quê? Porquê? Para quem?

Tem estado na moda fazer previsões, sondagens e estatísticas por tudo e por nada, para todos e mais alguém ou talvez apenas para inglês ver ou apresentar trabalho?

Como por vezes acredito (um bocadinho) na teoria da conspiração, acho que muitas vezes é mesmo para influenciar o “pessoal” que é preguiçoso em pensar e discernir por si, e que pelo tanto, qualquer resultado das ditas previsões, sondagens e estatísticas é o suficiente para os impressionar e convencer que aqueles dados correspondem a verdades absolutas. Não devia afirmar isto? É algo que todos sabem mas não dizem em voz alta? É politicamente incorrecto dizê-lo? Pois…eu não estou a dizer, estou a escrever!

Na verdade, previsões correspondem apenas a cálculos ou conjecturas que podem ser influenciadas momentaneamente por factores diversos.

 O que é bom agora, e vice-versa, poderá não sê-lo amanhã.

Mas como se não bastasse tentarem ludibriar com as ditas previsões, sondagens e estatísticas a rodos, logo a seguir vêm as análises com as mais variadas opiniões e a respectiva catalogação com rótulos, marcas, designações e afins, dos mais diversos universos de opinantes, também eles catalogados e etiquetados de analistas das vários tendências politicas que mais parecem pertencer a figuras do código de estrada que se vão colocando em diferentes gavetas e gavetinhas.  

Eu sou do tempo, não, não é para repetir a frase da publicidade do Hipermercado Continente, é mesmo para dizer que eu ainda sou do tempo da ditadura e nessa altura não era permitido tecer opiniões relativas a assuntos políticos ou outros que fossem injuriosos ou atentassem contra uma sociedade de bons costumes que era então a sociedade portuguesa.

Entretanto passámos para o outro extremo: de tudo se dizer sem respeitar nada nem ninguém e pensar que a nossa verdade é mais verdadinha do que a dos outros. Do tipo: - as minhas previsões, sondagens e estatísticas é que são, é que valem e todos os outros que demonstram o contrário...(impropérios, impropérios e mais impropérios)…

Guardei para o fim deste já longo escrito os estudos, sim os estudos estão na moda também.

No outro dia li sobre um estudo realizado nos últimos 10 anos (2003-2013) repito por extenso - dez anos, em que o sorriso dos portugueses foi analisado. No estudo  “Uma Década de Sorriso em Portugal”  concluiu-se que os portugueses têm vindo a sorrir menos.

Menos(?!...) Como alguém comentou numa das publicações online: - a mim não me contactaram! Pois eu diria que a mim também não.

A conclusão do estudo foi baseada na visualização e análise de quase 400 mil fotografias publicadas na imprensa portuguesa. Ora aqui está um erro crasso, tendencioso ou o quê?

A imprensa portuguesa já é de maneira geral sisuda, e tende muito para o lado da desgraça e do desgraçadinho, portanto se tivessem utilizado por exemplo as fotografias do Facebook o resultado seria garantidamente muito diferente. Mas isto, sou eu a dizer, que sorrio e rio até a chorar.

Não é por esta minha opinião(zinha) que não acredito na utilidade de previsões, sondagens, estatísticas e estudos. Não, de todo que não! Constituem excelentes ferramentas de trabalho quando usadas e interpretadas de forma séria, construtiva e não tendenciosa. Aliás, eu própria, moi même, sou autora de folhas de cálculo em Excel que dão uma trabalheira mas também um jeitão enorme para definir metas, orientações e perspectivas, mas não passam disso mesmo, porque no fim do “jogo” surgem as correções que inevitavelmente têm de ser ajustadas à realidade.

Como estamos mesmo no início de um novo ano, gostaria muito que os portugueses durante 2014 se emancipassem e aprendessem a discernir por si próprios para que possam vivenciar a sua realidade ajustando-a às suas próprias e únicas folhas de cálculo, porque de suposições daqueles senhores que mais parecem figuras ou direcções do código de estrada, só aos próprios beneficia, só aos próprios lhes faz bem.

Gina

3.1.2014